Seja para presentear um parente, amigo ou colega de trabalho que curte um bom livro de guerra, ou para presentar a si mesmo (você merece!), apresentamos três excelentes opções para este Natal, que está logo ali, depois da próxima trincheira, digo, semana!
CRIMEIA: A HISTÓRIA DA GUERRA QUE REDESENHOU O MAPA DA EUROPA NO SÉCULO XIX
Orlando Figes
Record – 2019 (602 páginas) – LINK AQUI
A península da Crimeia, no Mar Negro, é uma região que vem sendo abalada por batalhas e instabilidades políticas desde meados do século XIX até os dias atuais.
A Guerra da Crimeia foi um conflito travado entre a Rússia imperial e uma coalizão de nações formada pela Grã-Bretanha, França, República da Sardenha e o Império Turco-Otomano, apoiada, ainda, pelo Império Austríaco.
Em 1853, os russos, liderados pelo Czar Nicolau I, atacaram os territórios da Moldávia e Valáquia, nos Bálcãs, que pertenciam ao Império Otomano, o que levou esse último a declarar guerra à Rússia. Em consequência, a Rússia destruiu a esquadra turca na Batalha Naval de Sinop, em novembro daquele ano. A seguir à derrota turca, no início de 1854, a Grã-Bretanha, da rainha Vitória, temerosa de que uma eventual derrota turca poderia implicar no controle russo sobre os estratégicos estreitos de Bósforo e Dardanelos, declarou guerra à Rússia, no que foi seguida por Napoleão III, da França, e por Vitor Emanuel II, da Sardenha.
Em agosto de 1854, os russos foram expulsos dos territórios tomados aos turcos nos Bálcãs, seguindo-se a invasão da península da Crimeia, em setembro. Iniciou-se, então, um bloqueio naval e um cerco terrestre ao porto fortificado de Sebastopol, que abrigava a esquadra russa do Mar Negro. Apesar de vencerem a Batalha do Rio Alma, após desembarcarem, a trôpega coalizão vacilou na perseguição aos russos e não atacou de imediato a fortaleza de Sebastopol, dando-lhes tempo para se reorganizarem.
Seria necessário, ainda, travar a Batalha de Balaclava, em 25 de outubro, que se notabilizaria por dois fatos que entrariam para os anais da História Militar: a “tênue linha vermelha” e a “carga da Brigada Ligeira”; a Batalha de Inkerman, em 5 de novembro; e sustentar um cerco à cidadela, superando os rigores do inverno e exigindo imensos esforços logísticos, até o abandono da fortaleza pelos russos, em 28 de agosto de 1855.
No ano seguinte, em 30 de março, um tratado de paz era assinado em Paris, pondo fim ao conflito, que custara mais de 220.000 vidas, de todos os lados.
Neste livro, o autor buscou fontes entre britânicos, russos, franceses e otomanos para narrar seus detalhes, como a motivação religiosa de Nicolau I, a sede de glória militar de Napoleão III, o morticínio causado aos militares e civis, a evolução tecnológica propiciada pela era industrial, a situação tática que prenunciava o que seria vivido na I Guerra Mundial, a inovação do serviço médico junto à linha de frente e a atuação de correspondentes de guerra reportando os acontecimentos.
O autor aborda, também, as consequências geopolíticas da guerra e os aspectos culturais, religiosos e políticos das potências que atuaram no conflito.
Conhecer a Guerra da Crimeia de ontem pode ajudar na compreensão do cenário atual vivido na Ucrânia, particularmente no que tange às motivações do atual “Czar” russo..
YALU: À BEIRA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL
Jörg Friedrich
Record – 2011 (560 páginas) – LINK AQUI
A Guerra da Coreia (1950-1953) foi o primeiro conflito limitado da História, tendo lugar ao início da chamada Guerra Fria, quando os dois blocos que emergiram como vencedores da Segunda Guerra Mundial, liderados pelos Estados Unidos da América e pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, tornaram-se antagônicos.
Apenas um anos antes do início desse conflito, a China era tomada pelos comunistas de Mao Zedong, e passou a ser um importante ator no contexto geopolítico, colocando-se imediatamente em oposição ao bloco ocidental.
Essa também seria a primeira guerra travada dentro da chamada Era Atômica, iniciada ao fim do último conflito mundial, quando os EUA lançaram duas bombas nucleares sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, obrigando o Japão à rendição incondicional.
A Guerra da Coreia ainda seria protagonista de outro ineditismo, a de ocorrer sob a doutrina do “Equilíbrio do Terror”, visto que a União Soviética havia detonado com sucesso seu primeiro artefato nuclear no Cazaquistão, a pouco menos de um ano do seu início.
Diante desse contexto, a Guerra da Coreia quase possibilitou ao mundo envolver-se em uma terceira guerra global, cujas consequências poderiam superar em muito a hecatombe causada pela segunda.
Nessa obra, o autor explora a ameaça real de o conflito na península coreana descambar para uma nova guerra mundial, apresentando o seu título, Yalu, nome do rio que separa a Coreia do Norte da República Popular da China, como o limite de contenção a não ser ultrapassado, para que o mal maior não sobreviesse. A referência ao rio, cruzado pelas enormes massas de homens do Exército de Libertação de Mao para combater em apoio aos agressores norte-coreanos, seus aliados, deveria ser intransponível no sentido oposto, para as tropas dos EUA e seus aliados das Nações Unidas.
Assim não enxergava o General MacArthur, comandante das forças das Nações Unidas, que advogou pela perseguição dos chineses e pelo emprego, se necessário, de armas nucleares para conter aquela ameaça.
Neste livro, o autor detalha os três anos do conflito coreano, porém, não se limitando a eles, mas também abordando suas causas e as consequências.
A obra de Jörg Friedrich reveste-se de grande relevância para o estudo de um conflito que ainda não foi encerrado formalmente, que ainda se mantém sobre o equilíbrio instável de um frágil armistício e que representa uma viva ameaça à paz na região, agora sob a tutela de uma China elevada à condição de nova potência global.
A NOSSA SEGUNDA GUERRA: OS BRASILEIROS EM COMBATE, 1942-1945
Ricardo Bonalume Neto
Contexto – 2021 (256 páginas) – LINK AQUI
A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial é um capítulo ainda desconhecido por muitos filhos deste solo, em que pesem os inúmeros livros, filmes e documentários produzidos a respeito.
A obra de Ricardo Bonalume Neto é um alento, uma luz sobre a escuridão da ignorância quase geral dos brasileiros sobre a saga, a luta e o sacrifício de seus irmãos pela causa aliada contra o nazifascismo, durante o último conflito mundial.
Em seu trabalho, o autor não aborda somente a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, detalhando sua formação, suas dificuldades, sua evolução e sua atuação nos campos de batalha da Itália. Ele explica como se encontrava o Exército Brasileiro antes da formação da FEB, como teve de se adaptar à realidade imposta pelo novo tipo de guerra, como foi trabalhosa e hercúlea essa tarefa, e como nossos homens e mulheres superaram as deficiências e limitações para desempenharem um papel digno e vitorioso, diante de nações bem mais ambientadas à guerra e para ela preparadas.
O livro detalha a preparação do 1° Grupo de Aviação de Caça, da recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB) nos céus da Itália, onde cobriram-se de glórias, e narra, ainda, a batalha anterior travada contra os submarinos do Eixo que atuavam na costa do Brasil, bem como a luta para dotar o país de meios aéreos que pudessem realizar a defesa de seu espaço aéreo e do litoral.
A obra também aborda a situação da Marinha do Brasil nos anos pré-conflito, mostrando a precariedade dos seus meios, sua adaptação e superação para a inserção na guerra, atuando ao lado dos aliados, realizando a proteção de comboios vitais para o esforço de guerra, às custas do sacrifício de muitos marinheiros e de alguns meios navais.
O livro de Bonalume oferece uma visão real e honesta sobre a situação das três armas do Brasil antes da guerra, sua evolução e sua participação no maior de todos os conflitos, oferendo ao leitor um panorama resumido, porém completo, que contribui para que o leitor tenha uma compreensão muito boa sobre qual o papel desempenhado pelo Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Sucesso nos presentes e boa leitura!
Que todos tenham todos um Feliz Natal, com muita paz na Terra, sob as bênçãos de Deus!