“Grito de Guerra” é uma magnífica obra de ficção histórica, que utiliza como pano de fundo a Campanha do Pacífico, empreendida pelos Aliados, liderados pelos Estados Unidos, com a finalidade de derrotar o Império do Japão, na Segunda Guerra Mundial.
O autor narra a história de uma pequena fração de um batalhão dos Fuzileiros Navais (Marines), que é lançada nos ferozes combates travados em remotas ilhas do vasto oceano Pacífico.
Personagens fortes
A trama se inicia com a reunião de jovens voluntários civis que se alistaram para revidar a agressão japonesa contra os EUA, ocorrida em Pearl Harbor, no Havaí, no dia 7 de dezembro de 1941, data que passaria à História como o “Dia da Infâmia”.
Esses jovens, de diversas origens, passam pelos rigores do treinamento básico para que possam alcançar o direito de pertencer ao Corpo de Fuzileiros Navais.
Há entre eles um típico College Boy norte-americano, um indefectível texano, um indígena com nome extravagante, um fervoroso religioso, um cantor com seu violão, um típico fracassado, um fazendeiro e um delinquente juvenil, dentre outros.
A esses jovens inexperientes juntam-se os veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais, militares de carreira, orgulhosos da sua corporação, que tudo fazem para preparar a nova turma de recrutas da melhor maneira possível, a fim de enfrentarem, juntos, a luta mortal e sangrenta que sabem que virá, e conseguirem vingar os compatriotas mortos e as derrotas sofridas em Pearl Harbor, Wake Island e nas Filipinas.
A unidade a que pertencem, o 2°Batalhão do 6°Regimento da 2ª Divisão de Marines, é comandada pelo Tenente-Coronel Sam Huxley, o “Gigante”, como é chamado pelos veteranos, que conhecem a sua fama de disciplinador intransigente e seu amor às longas e extenuantes marchas e treinamentos, mas que também reconhecem sua liderança e exemplo.
Há outros personagens entre os oficiais do batalhão, como o lendário Capitão Shapiro, dono de uma coragem sem igual, mas com o forte hábito de conseguir as coisas burlando os regulamentos e as regras…
A Turma de Rádio do batalhão, para a qual os recrutas são designados após o treinamento básico, tem como missão estabelecer e manter as comunicações com as companhias que integram a unidade e com o escalão superior, o 6°Regimento. A turma é liderada pelo Sargento Mac, veterano de ações do Corpo em diversas partes do mundo, da América Central à China. Mac é o personagem por meio do qual o autor nos conta a estória.
Combates ferozes
O 2°Batalhão e a Turma de Rádio são, então, lançados à fogueira.
Primeiramente, enfrentam o então todo-poderoso inimigo japonês em Guadalcanal, no Pacífico Sul, no início da escalada de ilha em ilha em direção ao Japão. Nessa jornada já acontecem as primeiras perdas e começam a se revelar o caráter e a força moral dos personagens, assim como as fraquezas e atos de covardia.
A partir daí, as lutas vão se sucedendo, entremeadas com períodos de descanso, como na Nova Zelândia, para onde o batalhão é enviado para recuperar-se, após meses de combates nas selvas insalubres e infestadas de inimigos. Nesse interim, os dramas pessoais dos personagens vão se desenvolvendo, com suas famílias, namoradas e esposas, na América.
As perdas vão marcando os sobreviventes, à medida que avançam e combatem em minúsculas e pequenas ilhas que pontuam o árduo caminho Pacífico acima. As experiências vividas nas lutas contra um inimigo que não se rende vão testando a determinação dos integrantes da Turma de Rádio, que se tornam uma família, à medida que os meses e anos passam e os combates prosseguem, indefinidamente.
Luta apoteótica
A dramática estória desses rapazes e da unidade a que pertencem chega ao fim quando enfrentam o desafio mais perigoso de todos.
O ápice da trama acontece quando o 2°Batalhão recebe a missão de realizar uma operação de desembarque na ilha de Saipan, como ponta-de-lança da Divisão.
Em um cenário apocalíptico, a unidade bate-se contra o mais determinado inimigo, que lhe impõe pesadas baixas, ao ponto de esfacelar seu poder de combate e minar a capacidade de continuar atuando como unidade.
As baixas nessa última ação são pesadíssimas, e a unidade é retirada para reorganização e recompletamento de efetivos.
Natureza humana da guerra
Mais do que apenas um relato sobre um grupo de veteranos e jovens engolfados pelo turbilhão da guerra, esta obra é um dramático estudo sobre a natureza humana, sobre a reação de pessoas colocadas diante dos mais incríveis e mortais desafios, que vão exigir muito além da sua capacidade física e mental, e que lhes sugará todos os sentimentos que carregam em seu interior, para o bem e para o mal.
É, sobretudo, um tributo ao companheirismo, à camaradagem e à amizade construída entre desconhecidos que se tornaram irmãos, que se uniram por uma causa comum e que a colocaram acima de seus interesses pessoais. É a tradução da expressão “espírito de corpo”, na sua mais fiel e verdadeira acepção.
É uma ode à renúncia, à abnegação, à coragem, ao patriotismo e aos valores e atributos eternos que a guerra revela, de tempos em tempos.
“Grito de Guerra”
Este marcante e inesquecível livro foi lançado em 1953, sob o título original “Battle Cry”, de autoria de Leon Uris, um fecundo escritor norte-americano, autor de várias outras obras de sucesso, como “Mila 18”, “Êxodus”, “Colinas da ira”, “QB VII”, “O peregrino”, “Topázio”, “O Passo de Mitla”, dentre outros.
Leon Uris foi um orgulhoso integrante do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, como deixou registrado no posfácio deste livro.
Hoje, este livro inspirador pode ser encontrado somente em sebos, pelo preço de um refrigerante.
Não deixe de ler:
GRITO DE GUERRA
Leon Uris
Nova Cultural
Rio de Janeiro – 1985
Disponível na ESTANTE VIRTUAL (Link AQUI)