Fim de ano!
Hora de pensar sobre o ano que passou, fazer o balanço dos erros e acertos, renovar as esperanças e projetar as lutas e conquistas para 2023.
Nesta época, também é o momento das indefectíveis listas sobre tudo o que é possível ranquear, no ano que termina.
Nós, entusiastas dos livros de guerra, também temos a nossa lista. Opa! Não necessariamente a nossa, mas a que pegamos emprestado da Amazon.
Esta lista que ora apresentamos não é a lista dos melhores livros de guerra de 2022, mas a dos mais vendidos na Amazon, no corrente ano.
O nosso blog tem como princípio analisar e indicar livros de guerra que foram lidos por mim, para que sejam passadas informações com base nas minhas experiências ao lê-los. Porém, neste último post de 2022, vou relacionar os livros que compõem a lista dos mais vendidos da Amazon, mesmo que eu não tenha lido algum deles.
Outro ponto que cabe esclarecer é que, apesar de os livros relacionados pela Amazon referirem-se à categoria História Militar, alguns estão mais afetos à Ciência Política, Filosofia Política e Teoria sobre a Guerra, o que não os encaixaria no propósito do nosso blog, de tratar de livros sobre batalhas, campanhas, conflitos etc. Sobre guerra, enfim.
Face à ressalva acima, os 5 livros que apresentamos são os mais vendidos em 2022 que tratam exclusivamente de guerras.
Nesta lista depurada, então, relacionamos a posição do livro na lista da Amazon entre parêntesis, a seguir à colocação da lista puro-sangue do Bellum Libri.
Ok? Vamos à lista!
1° colocado (6° na Amazon)
PRIMEIRA GUERRA – HISTÓRIA ILUSTRADA EM 300 FOTOS
Claudio Blanc
Camelot Editora – 2022 (160 páginas) – LINK AQUI
Livro que retrata o primeiro conflito bélico de alcance global do século XX.
Por meio de fotos, infográficos, ilustrações e charges da época, reconstitui a história da “Grande Guerra”, desde o seu prelúdio até suas consequências, abordando seus principais eventos, campanhas e batalhas.
Com legendas generosas, que explicam as cenas e personagens retratados, o livro proporciona uma excelente experiência visual, permitindo um acompanhamento da linha do tempo dos anos da guerra e o entendimento das diversas fases do conflito.
Contudo, por se tratar de uma obra cujo enfoque principal está na experiência visual, não oferece uma visão aprofundada da guerra, mas podemos dizer que se constitui em uma peça de introdução ao tema, para os não-iniciados. Para os que já estudaram o assunto, pode ser uma boa fonte de imagens sobre o conflito.
2° colocado (7°)
NÃO HÁ DIA FÁCIL
Mark Owen e Kevin Maurer
Editora Paralela – 2012 (280 páginas) – LINK AQUI
Esse livro versa sobre as memórias de um ex-combatente do SEAL, da Marinha dos Estados Unidos da América. Seu título remete ao mote dessa tropa de elite: “The only easy day was yesterday”.
Nessa obra, o autor relembra sua trajetória como integrante dessa verdadeira confraria de guerreiros, forjada em intensos, prolongados e exaustivos treinamentos, que selecionam os voluntários mais capazes por meio da pressão psicológica contínua, da exigência de um preparo físico quase ao nível de atletas de elite e do atingimento do perfeito domínio das técnicas ensinadas no curso de formação.
No decorrer da narrativa, são descritas missões em que o autor tomou parte, durante as quase duas décadas em que serviu nessa unidade de escol.
Essas missões tiveram aumento significativo após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando as Forças Armadas foram lançadas na Guerra ao Terror, visando a eliminar grupos terroristas que patrocinaram tais atentados. O livro aborda muitas dessas missões, levadas a efeito em regiões remotas do Iraque, do Afeganistão e em outras áreas quentes do mundo em que atuaram os SEALs.
O auge da obra é a operação final que encerrou a caçada ao maior líder terrorista do nosso tempo: Osama Bin Laden. O autor, participante destacado dessa operação, a descreve com precisão e domínio, colocando o leitor na cena do esconderijo do saudita, no interior do Paquistão.
“Não há da fácil” é uma história que absorve a atenção do leitor, que não irá querer largar sua leitura antes do último tiro (ou da última página).
3° colocado (10°)
A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER
Svetlana Aleksievitch
Companhia das Letras – 2016 (392 páginas) – LINK AQUI
Essa obra explora com maestria uma faceta da guerra que não é usualmente apresentada ao público: a participação de mulheres na linha de frente, atuando como soldados da infantaria, pilotando tanques de guerra, manejando canhões, caçando soldados inimigos como “snipers”…
Tal realidade foi vivenciada na União Soviética, durante a “Grande Guerra Patriótica”, como era chamada por lá a Segunda Guerra Mundial.
A autora, que perdeu muitos parentes naquele conflito e viveu em um mundo com poucos homens, pois muito poucos haviam voltado da guerra, resgata em sua obra a história de algumas dessas mulheres guerreiras, quase perdidas no universo de aproximadamente um milhão de mulheres que combateram nas Forças Armadas soviéticas, na Segunda Guerra Mundial.
Mais do que contar histórias de mulheres na guerra, Svetlana traz a visão feminina da guerra, suas percepções do campo de batalha, da luta, do sofrimento e da morte, fazendo justiça a essas valentes que se aventuraram em um universo exclusivamente masculino até então.
4° colocado (11°)
EM NOME DE ROMA
Adrian Keith Goldsworthy
Editora Crítica – 2020 (360 páginas) – LINK AQUI
Surpreendente obra, que nos transporta à Era de Roma, vista sob o prisma de seu poderio militar. O autor aborda essa perspectiva por meio da trajetória de 15 generais romanos, detalhando as principais campanhas e batalhas em que cada um esteve envolvido, a forma como lideravam e como suas decisões influenciaram para o resultado de suas legiões, em campo.
Cipião, o Africano, e a Segunda Guerra Púnica; Emílio Paulo e a conquista da Macedônia; César e sua campanha na Gália; César contra Pompeu; Tito em Jerusalém; Trajano e as Guerras Dácias; Juliano na Gália; e Belisário na Pérsia são alguns dos generais e algumas das campanhas que os marcaram na história, que o autor traz à baila, concluindo com o legado deixado por esses grandes capitães da antiguidade clássica.
O conteúdo da obra é complementado por mapas e diagramas das campanhas abordadas e da organização e composição do exército consular padrão, formação empregada por esses generais nessas guerras.
“Em nome de Roma” é uma obra que merece ser apreciada pelos aficionados pela história das guerras e de seus grandes generais.
5° colocado (17°)
LUTANDO NA ESPANHA
George Orwell
Biblioteca Azul – 2021 (392 páginas) – LINK AQUI
Esta obra é um relato do famoso escritor britânico sobre a sua participação na Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Trata-se, na realidade, da reunião de duas de suas obras sobre aquele período, “Homenagem à Catalunha” e “Recordando a Guerra Civil Espanhola”. Seu conteúdo é uma mistura de relato autobiográfico, narrativa de guerra e de viagem.
Orwell foi à Espanha, inicialmente, com propósito jornalístico, para cobrir aquele evento. No entanto, envolveu-se na luta ao lado das brigadas comunistas, contra as tropas de Franco.
Orwell combateu e recebeu um ferimento à bala na garganta. A experiência vivida na guerra foi, segundo o próprio Orwell, fundamental para que mudasse a sua visão de mundo. Ao presenciar a caça aos anarquistas, promovidas por seus companheiros marxistas, Orwell retirou-se do conflito e passaria a ser um opositor radical e um crítico do comunismo e de qualquer tipo de totalitarismo.
Por sua importância na alteração da visão de mundo de um dos maiores escritores do século XX, que o levaria a criar suas obras-primas “A revolução dos bichos” e “1984”, esse relato de guerra não pode faltar na estante de qualquer leitor que deseja saber mais sobre esse conflito, pela ótica de um renomado personagem que o viveu em toda sua intensidade e foi afetado diretamente por ele.
Bônus 6° colocado – (18° na Amazon)
VIETNÃ: UMA TRAGÉDIA ÉPICA 1945-1975
Max Hastings
Editora Intrínseca – 2021 (848 páginas) – LINK AQUI
Se esta fosse uma lista dos melhores livros de 2022, este livro não poderia faltar.
Como não escondo o fascínio sobre a Guerra do Vietnã, tomei a liberdade de incluí-lo, como um “bônus”.
Max Hastings, historiador militar, jornalista e editor britânico, que já nos brindou com “1914 – A Europa vai à guerra”, “Inferno – o mundo em guerra 1939-1945”, “A guerra secreta – espiões, códigos e guerrilhas”, “The Battle for the Falklands” e uma série de outras obras sobre diferentes conflitos, foi uma testemunha presencial da Guerra do Vietnã, como jornalista e correspondente da BBC.
Neste livro, Hastings faz uma análise profunda das raízes do conflito vietnamita, desde o fim da ocupação japonesa, em 1945, até a queda de Saigon, em 1975. Narra a derrota francesa, o envolvimento dos EUA, a escalada da guerra, os confrontos marcantes no campo de batalha, a reação contra a guerra, a vietnamização, a saída dos americanos do Vietnã e os lances finais, até a vitória do norte sobre o sul.
Ao final, o autor disseca as consequências dessa guerra para os envolvidos, concluindo sobre o caráter trágico da epopeia vietnamita, que durou 40 anos.
Embora esta obra se destaque dentre as que tratam do assunto, por sua abrangência e profundidade, essas duas qualidades recaem em particular sobre as tramas políticas e as decisões que afetaram a condução das campanhas e batalhas, por ambos os lados.
Feliz 2023!
Assim, deixamos a vocês a tarefa de eleger alguns (ou todos) livros desta lista, para devorá-los no começo do ano que se inicia.
Que todos os amigos leitores tenham um 2023 repleto de saúde e realizações!
E, também, com muita paz e com muita guerra (somente nas páginas dos livros…).
ótimo texto
MB