A carga da Brigada Ligeira, por Tennyson

“A carga da Brigada Ligeira” é um poema de autoria do Lorde Alfred Tennyson, que imortalizou a ação dessa unidade da Cavalaria britânica na Guerra da Criméia, em 1854.

A Guerra da Criméia

A Guerra da Criméia foi um conflito entre a coligação formada por Grã-Bretanha, França e Império Otomano (aos quais juntar-se-ia o Reino da Sardenha) e o Império Russo, travado em meados do século XIX, na Península da Criméia, região atualmente disputada por Ucrânia e Rússia, na margem norte do Mar Negro.

Tal embate fora provocado pela reação ao expansionismo russo na direção dos Bálcãs, que estavam, em grande parte, sob o domínio Otomano. A rainha Vitória, então monarca britânica, temia que os russos pudessem tomar do decadente Império Otomano o controle dos acessos aos estratégicos estreitos de Bósforo e dos Dardanelos.

Em setembro de 1854, tropas da coligação desembarcaram na Criméia e iniciaram o cerco terrestre, complementado por bloqueio naval, ao porto de Sebastopol, base da frota imperial russa no Mar Negro.

Balaclava

Nas proximidades da cidade fortificada de Sebastopol ocorreria, em 25 de outubro de 1854, a Batalha de Balaclava, quando os russos, com cerca de 25.000 homens, atacaram as posições britânicas, francesas e turcas naquela localidade, em uma tentativa de enfraquecer o cerco que se estabelecia em torno de sua fortaleza.

Em determinado momento, ao tentar intervir no combate por meio do emprego de uma de suas peças de manobra, o comandante britânico, Lorde Raglan, emitiu ordens pouco precisas, que foram obedecidas cegamente pelo comandante da Divisão de Cavalaria, Lorde Lucan, que a retransmitiu ao comandante da Brigada Ligeira da Cavalaria Britânica, Lorde Cardigan.

A intenção do comandante-em-chefe era que a Brigada Ligeira atacasse para impedir que os russos tomassem os canhões de duas posições fortificadas britânicas. No entanto, a redação dúbia da ordem e a indicação errônea da posição dos canhões no terreno, realizada pelo oficial-mensageiro, causaram o erro de direção do eixo do ataque, pelo comandante da Brigada Ligeira que, por orgulho e desprezo aos superiores, não as cotejou, direcionando seu ataque contra  a força principal do inimigo, plenamente cônscio de que tal movimento significaria a destruição da sua brigada.

À frente da sua tropa, Cardigan investiu, sem apoio da infantaria, contra uma força russa imensamente superior, posicionada em em terreno elevado, atacando pelo vale da morte, enfrentando a cavalaria e a infantaria russas, nos dois flancos e à sua frente, reforçadas por canhões.

O que se seguiu foi uma impressionante demonstração de disciplina e coragem, mas também, uma lamentável exibição de soberba, ignorância e falta de conhecimento militar. As palavras de um observador francês, o General Bosquet, ao presenciar a cena do avanço da cavalaria inglesa, em prefeita ordem, sendo trucidada pelos canhões, atiradores e cavalarianos russos, resumiram o trágico e esplêndido acontecimento: “- Magnífico, mas isso não é Guerra!”.

Esse formidável – porém estúpido ataque – passaria à história como a “Carga da Brigada Ligeira”. Dos mais de 650 cavalarianos ingleses, das unidades de Dragões, Lanceiros e de Hussardos, restaram cerca de 190.

Não houve qualquer ganho militar em decorrência dessa ação.

A carga da Brigada Ligeira – Balaclava – 1854

O poema

Escrito em 1885 por Alfred Tennyson (1809-1892), o poema “The Charge of the Light Brigade” é um tributo ao heroísmo e coragem dos “seiscentos” que se sacrificaram inutilmente naquele fatídico dia de outubro de 1854, em Balaclava, na Criméia.

The Charge of the Light Brigade

I

Half a league, half a league,

Half a league onward,

All in the valley of Death

   Rode the six hundred.

“Forward, the Light Brigade!

Charge for the guns!” he said.

Into the valley of Death

   Rode the six hundred.

II

“Forward, the Light Brigade!”

Was there a man dismayed?

Not though the soldier knew

   Someone had blundered.

   Theirs not to make reply,

   Theirs not to reason why,

   Theirs but to do and die.

   Into the valley of Death

   Rode the six hundred.

III

Cannon to right of them,

Cannon to left of them,

Cannon in front of them

   Volleyed and thundered;

Stormed at with shot and shell,

Boldly they rode and well,

Into the jaws of Death,

Into the mouth of hell

   Rode the six hundred.

IV

Flashed all their sabres bare,

Flashed as they turned in air

Sabring the gunners there,

Charging an army, while

   All the world wondered.

Plunged in the battery-smoke

Right through the line they broke;

Cossack and Russian

Reeled from the sabre stroke

   Shattered and sundered.

Then they rode back, but not

   Not the six hundred.

V

Cannon to right of them,

Cannon to left of them,

Cannon behind them

   Volleyed and thundered;

Stormed at with shot and shell,

While horse and hero fell.

They that had fought so well

Came through the jaws of Death,

Back from the mouth of hell,

All that was left of them,

   Left of six hundred.

VI

When can their glory fade?

O the wild charge they made!

   All the world wondered.

Honour the charge they made!

Honour the Light Brigade,

   Noble six hundred!

Essa ação é um dos episódios descritos no livro “FORA DE CONTROLE“, de Eric Durschmied, já tratado em artigo publicado neste Blog (LINK AQUI).

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