“Maldita Guerra – nova história da Guerra do Paraguai” é um extenso trabalho de pesquisa histórica, fruto de uma análise objetiva do conflito, afastada de simplificações ou deturpações.
Marechal Luís Alves de Lima e Silva – 6 de dezembro de 1868
“Sigam-me os que forem brasileiros!”
Trata-se de um livro de pouco mais de 600 páginas, complementadas por quase 300 notas, cronologia, fontes, bibliografia e índice remissivo, dentre outras informações.
Uma obra isenta
Com base em documentos encontrados nos arquivos dos países envolvidos no conflito; em correspondências oficiais de diplomatas europeus enviadas aos países de origem; em obras escritas ao final do século XIX e no início do século XX; em trabalhos de autores paraguaios do final desse último século e; ainda, em cartas enviadas por líderes e militares que se encontravam no teatro de operações, o autor fez uma competente reconstituição das origens e do decorrer da guerra.
Nessa obra, o autor apresenta uma visão isenta dos preconceitos entre os aliados que formaram a Tríplice Aliança, como fez a historiografia brasileira conservadora, que diminuiu sua importância, principalmente dos argentinos. Também se afastou daqueles que apontavam o Império Britânico e seus interesses na região do Prata como causadores e financiadores da guerra contra um Paraguai progressista e independente.
Ao mesmo tempo, a obra refuta a tese de que Solano López, o ditador paraguaio, tratava-se de um grande líder militar e estadista notável.
Em seguida, o autor desmistifica as versões revisionistas da esquerda latino-americana, surgidas a partir dos anos 1960, que teve como expoentes o argentino Leon Pomer e o brasileiro Júlio Chiavenatto, que obtiveram grande repercussão, apresentando o líder paraguaio como um Quixote anti-imperialista e o Paraguai, um estado livre, independente economicamente de seus vizinhos e da “pérfida Albion”.
Antecedentes e causas da guerra
O livro começa abordando a independência do Paraguai e a evolução a situação no Prata, até a assunção de Solano López, que sucedeu ao pai, Carlos, em 1862.
A seguir, descreve o aumento da tensão na região, o rompimento das relações diplomáticas do Paraguai com o Brasil a aproximação do Império com a Argentina, a questão do Uruguai e, finalmente, a fabricação do mito em torno de Solano López.
O desenvolvimento da guerra
Nos capítulos seguintes, são apresentados os primeiros lances da guerra, feitos pelos paraguaios, como a invasão de Mato Grosso e o ataque a Corrientes. Mostra as reações dos países vizinhos, a formação a Tríplice Aliança e o ataque Rio Grande do Sul, que culminou com a rendição de Uruguaiana.
No decorrer da obra, o autor descreve a invasão do Paraguai, as primeiras vitórias e derrotas, até a entrada do Duque de Caxias no conflito, a reorganização das forças brasileiras e as divergências de Caxias com Mitre.
Na próxima parte, o autor enfatiza o ano de 1868 como decisivo para o curso da guerra. Descreve, dentre outros, os episódios da passagem de Humaitá, , o avanço dos aliados, a “dezembrada” e a fuga de Solano López.
No prosseguimento, são apresentadas a caça ao ditador paraguaio em fuga, a saída de Caxias da guerra, a chegada do Conde d’Eu, a campanha final nas cordilheiras, a morte de López e um balanço do conflito.
As consequências do conflito
Na conclusão do livro, o autor apresenta as repercussões da longa refrega e suas consequências para os países envolvidos.
Relata os ganhos e perdas diplomáticos para os vencedores, os reflexos na política interna de seus países e as trágicas consequências para o estado paraguaio.
O autor
Francisco Fernando Monteoliva Doratioto é um historiador brasileiro, especializado em História Militar. Graduado em História e Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, também é mestre e doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília. É membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de seus congêneres, na Argentina e Paraguai.
Para escrever esta obra, Doratioto realizou pesquisas em arquivos e bibliotecas da Europa e dos países abarcados pelo conflito. Teve a oportunidade de viver no Paraguai, quando pôde visitar os sítios históricos relativos à guerra e conhecer a história oral remanescente sobre aquele evento.
Maldita Guerra
“Maldita Guerra – nova história da Guerra do Paraguai” é uma obra que lança luz, sem paixões, a esse marco indelével na história do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, podendo ser considerada como uma obra de referência sobre o conflito.
Lançada originalmente em 2002, a obra foi relançada em 2022, em edição revista e ampliada pela editora.
Confira em:
MALDITA GUERRA – NOVA HISTÓRIA DA GUERRA DO PARAGUAI
Francisco Doratioto
Companhia das Letras
São Paulo – 2022
Disponível na COMPANHIA DAS LETRAS (EDIÇÃO 2022) e na AMAZON (EDIÇÃO 2002).
(Link no nome das editoras, acima).