Os Boinas Verdes

Os Boinas Verdes – episódios da guerra no Vietnã” é um livro icônico, que revelou ao mundo o trabalho das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos no alvorecer da sua participação naquele conflito.

Mais que um simples relato das ações daquela tropa altamente especializada no Vietnã, trata-se de uma obra seminal sobre essas forças militares, criadas e exclusivamente dedicadas às operações clandestinas e à multiplicação do poder de combate por meio de ações indiretas.

Capa da edição em inglês

Lançado em 1965, sua repercussão foi imediata ao seu lançamento, transformando-se em sucesso editorial já no ano seguinte. Em 1968, foi adaptada para o cinema, em produção homônima, estrelada por ninguém menos que John Wayne, então no auge do sucesso como ator e como personificação do herói americano.

Muitos integrantes das Forças Especiais, inclusive dentre os que combateram no Vietnã, declararam que a leitura dessa obra os inspiraram a entrar para o Exército e a perseguir no propósito de ombrear com esses ilustres guerreiros de Boina Verde.

É o caso de John Stryker Mayer, que atuou como Boina Verde no Laos e no Camboja, em missões altamente secretas, e que hoje é autor de obras sobre essas operações clandestinas, levadas a efeito durante a Guerra do Vietnã. Mayer, durante sessões de entrevistas com ex-Boinas Verdes da época da guerra, no “Jocko Podcast”, no YouTube (LINK), é enfático em afirmar que esse livro foi fundamental para sua adesão àquela tropa de elite, no que é referendado por seus convidados.

Um autor dedicado

Seu autor, Robin Lower Moore Jr., era natural de Boston e veterano da 2ª Guerra Mundial, na qual serviu como artilheiro em aviões bombardeiros da então US Army Air Force, no Teatro de Operações da Europa, tendo sido agraciado com a Air Medal.

Graduado pelo Harvard College, em 1949, Moore valeu-se da amizade com o antigo colega de faculdade e irmão do então presidente dos EUA, Bob Kennedy, para obter acesso às Forças Especiais do Exército, então pouco conhecidas e envoltas em segredo.

No entanto, foi-lhe imposto que tal acesso só poderia ser concedido se Moore se submetesse ao treinamento de qualificação que era aplicado aos militares que se voluntariavam para as Forças Especiais.

Durante aproximadamente um ano, Moore cursou a Jump School, em Fort Benning, Geórgia, para qualificar-se como paraquedista, condição básica para frequentar o curso de formação das Forças Especiais. Em seguida, cursou a Escola De Guerra Especial, em Fort Bragg, na Carolina do Norte, de onde emergiu quase como um Boina Verde, por ser civil.

Todas essas tribulações para adquirir o direito de escrever sobre as Forças Especiais são contadas em detalhes por Moore, nas páginas iniciais do livro.

No Vietnã

Robin Moore chegou ao Vietnã em janeiro de 1964, o ano que marcaria a entrada dos EUA na guerra. Lá permaneceria por seis meses. Portanto, no período em que esteve no país asiático, ainda não havia tropas terrestres combatendo, o que só aconteceria a partir de março de 1965.

As operações das Forças Especiais que Moore presenciou eram, oficialmente, restritas ao âmbito da atividade de conselheiros militares, em suporte ao Exército do Vietnã do Sul.

Porém, graças à confiança conquistada pelo autor, ao frequentar o mesmo treinamento dos boinas verdes, que o consideravam como um dos seus, Moore obteve informações sobre operações clandestinas realizadas no Laos e no Vietnã do Norte, ambas altamente secretas.

Dedicando cada capítulo a uma dessas histórias, Moore vai detalhando, no decorrer do livro, as incríveis ações dos destacamentos de Forças Especiais no Vietnã do Sul. Mostra as dificuldades encontradas pelos americanos em entender a cultura local e para ensinar e motivar os soldados sul-vietnamitas a lutar contra um inimigo determinado e competente. Revela, também, sua atuação junto a tribos locais, para formar guerrilheiros capazes de proteger suas aldeias da ação do vietcong e a combatê-lo nas matas. Narra, ainda, o heroísmo de norte-americanos na defesa desses destacamentos isolados, cada vez mais submetidos a ataques ferozes do vietcong, em uma época em que, oficialmente, os americanos ainda não estavam no país como combatentes.

Base das Forças Especiais em Nam Dong após ataque, em setembro de 1964

Em meio a essas histórias, destacam-se as que tratam das missões mais perigosas, complexas e cercadas de segredos. Missões que envolveram meses de planejamento, treinamento e preparação, para infiltrar equipes das Forças Especiais em países lindeiros e no próprio coração do inimigo, no Vietnã do Norte.

Os Boinas Verdes

A narrativa, criada em um ritmo envolvente, e a riqueza de detalhes fazem dessa obra uma leitura fácil, que proporciona ao leitor uma experiência agradável.

A leitura de “Os Boinas Verdes” assume elevada importância para os que estudam o conflito no Vietnã, sobretudo para o conhecimento da situação e das operações em uma época pré-envolvimento, em larga escala, de tropas americanas combatendo por todo o país.

Trata-se, portanto, de uma importante obra de época, que traz a visão otimista e ufanista do autor, e que precisa ser compreendida como tal.

Um dos meus livros favoritos sobre a Guerra do Vietnã e sobre essa tropa de elite, foi editado, no Brasil, pela Editora Flamboyant, fazendo parte da coleção “A História que vivemos”, lançada no decorrer dos anos 1960, que tratava de  temas relacionados a episódios de guerra, sobretudo do segundo conflito mundial. Os exemplares dessa coleção são famosos pela capa dura azul-claro, de fácil identificação nas prateleiras dos sebos e alfarrábios, hoje em dia.

Não deixe de ler e apreciar esse fiel e realista registro da Guerra do Vietnã.

OS BOINAS VERDES

Robin Moore

Livraria e editora Flamboyant

São Paulo – 1967

Disponível somente em sebos, ou na ESTANTE VIRTUAL (Link AQUI)

Os Boinas Verdes

Deixe um comentário

5 × cinco =