We Were Soldiers Once…and Young

Acompanhado pelo subtítulo “Ia Drang – the Battle That Changed the War in Vietnam”, o livro “We Were Soldiers Once…and Young” é um pormenorizado relato da batalha do Vale de Ia Drang, ocorrida em novembro de 1965, no Planalto Central do então Vietnã do Sul. Essa obra foi produzida por dois personagens que estiveram no centro desse acontecimento histórico, que mudou o rumo da Guerra do Vietnã.

A “Questão do Vietnã”

O envolvimento norte-americano no Vietnã remonta aos anos da Segunda Guerra Mundial, quando o governo de Franklin Delano Roosevelt forneceu armas e suprimentos aos combatentes de Ho Chi Minh, para que fustigassem o inimigo comum – o Japão – cujas tropas ocupavam a então Indochina Francesa.

Com o término da guerra e a morte de Roosevelt, a nova administração de Truman optou por apoiar a volta do colonizador francês ao poder, na estratégia de conter a expansão comunista no sudeste asiático.

Após a derrota francesa em Dien Bien Phu, em maio de 1954, e a consequente divisão do Vietnã em dois países, com o Norte comunista e o Sul alinhado ao ocidente, os EUA passaram a apoiar o regime de Saigon, fornecendo ajuda econômica, política e militar, esta última por meio de equipamentos, armas e conselheiros militares, para ajudar na formação do Exército do Vietnã do Sul.

Ten-Cel Hall Moore em Ia Drang

Quando Kennedy ascendeu ao poder, imbuiu-se de ferrenha determinação em conter a ameaça comunista sobre o aliado sul-vietnamita. Sua administração aumentou substancialmente a ajuda financeira e enviou mais conselheiros militares.

Lyndon Johnson, ao assumir após a morte de Kennedy, logo viu-se enredado na guerra, ao retaliar os norte-vietnamitas a seguir ao Incidente de Tonquim, em agosto de 1964. Em março de 1965, Fuzileiros Navais desembarcaram em Danang, dando início ao envolvimento direto de tropas norte-americanas no combate terrestre.

Durante o ano de 1965, mais tropas foram alocadas no Vietnã do Sul, no que passou a ser chamado de “escalada” da guerra.

1ª Divisão de Cavalaria (Aeromóvel)

Em setembro de 1965, começou a chegar ao Vietnã do Sul as unidades componentes da 1ª Divisão de Cavalaria (Aeromóvel).

Tratava-se de uma grande unidade que tinha a capacidade de deslocar suas peças de manobra o campo de batalha com o auxílio de helicópteros. Esse novo conceito atendia à estratégia de “Busca & Destruição”, pela qual os comandantes militares esperavam infligir baixas significativas ao inimigo, levando-o, pelo atrito, a um desgaste que inviabilizaria seu prosseguimento em ações de combate.

A batalha do Vale de Ia Drang

Em novembro de 1965, o comando americano decidiu empregar tropas da 1ª Divisão de Cavalaria (Aeromóvel) em missão de Busca e Destruição no Vale de Ia Drang, no Planalto Central sul-vietnamita. Essa operação tinha como justificativa a presença de elementos do Exército do Vietnã do Norte na região.

Essa região, remota e de difícil acesso, por não possuir estradas trafegáveis, era um santuário para os comunistas e uma rota de infiltração para que tivessem acesso ao Planalto Central do Vietnã do Sul.

O conceito da operação estabelecia que o 1°Batalhão da Divisão seria inserido, por helicópteros, em uma clareira denominada “LZ X-Ray” (Landing Zone X-Ray – Zona de Pouso de Helicópteros X*), realizando um assalto aeromóvel, visando a estabelecer uma ZPH segura e obter contato com o inimigo, para destruí-lo.

*no Alfabeto Fonético Internacional, a letra ‘X” é pronunciada pela expressão “X-Ray”. Essa letra foi escolhida pelo Oficial de Operações do 1°Batalhão para designar a “LZ” em que seria realizado o assalto aeromóvel.

Soldados da Cavalaria Aeromóvel em ação em Ia Drang

No dia 14 de novembro, partindo da base das Forças Especiais em Plei Me, o escalão de assalto do 1°Batalhão alcançou a LZ-XRay, após os fogos de preparação de artilharia e de foguetes lançados por helicópteros atingirem a clareira. O Comandante do 1°Batalhão, Tenente-Coronel Hall Moore e seu grupo de comando, à frente da Companhia B, colocou os pés em terra às 10:48h. Às 12:15h, com quase duas companhias no terreno, a batalha teve início.

Combate feroz

No livro, os autores narram, na primeira parte, as origens do conflito e apresentam um estudo do terreno e do inimigo.

Na segunda parte, a narrativa é focada nos combates na LZ-XRay, com toda a sua intensidade e violência.

Esta parte central da obra é fruto não apenas das observações colhidas pelos autores junto aos participantes norte-americanos, mas também dos depoimentos dos atores norte-vietnamitas do evento, que foram entrevistados em visitas realizadas pelos autores ao Vietnã, mais de vinte anos após a batalha.

São descritos os combates ferozes, ante forças norte-vietnamitas muito superiores em efetivos, que duraram de 14 a 16 de novembro, quando o 1°Batalhão foi retirado, após sofrer pesadas baixas. Em números, tratou-se de uma luta entre 450 homens do 1°Batalhão contra mais de 2.000 soldados do 66°Regimento do Exército do Vietnã do Norte.

LZ Albany

O livro também aborda a emboscada sofrida por uma unidade gêmea, o 2°Batalhão da 1ª Divisão de Cavalaria (Aeromóvel), que partiu da LZ X-Ray para a LZ Albany, juntamente com o 2°Batalhão da 5ª Divisão de Cavalaria, que se dirigiu para a LZ Columbus.

No dia 17 de novembro, ao chegarem na LZ Albany, os homens do 2°/1ª Div Cavalaria foram apanhados de surpresa, às 13:20h. A emboscada preparada pelo inimigo, da ordem de três batalhões norte-vietnamitas, os obrigou a combaterem por suas vidas. Ao final do embate, 155 soldados norte-americanos foram mortos.

No total, as perdas norte-americanas na denominada Campanha de Pleiku, que incluía os combates de X-Ray e Albany, alcançaram 305 mortos.

Rescaldo

Nos capítulos finais, os autores trazem suas percepções sobre as operações, sobre  o despreparo para processar baixas em tão grande quantidade e sobre a maneira como as famílias foram informadas sobre as perdas de seus entes queridos, na América.

Por fim, fazem um apanhado sobre as lições recebidas e os ensinamentos colhidos, que não foram devidamente aprendidos e não redundaram em novas orientações às forças empenhadas nos combates, no decorrer da guerra.

Apêndices

Como apêndices, os autores incluem o destino de alguns dos personagens que estiveram nas LZ X-Ray e Albany, agradecimentos, a relação e pessoas entrevistadas, uma seção com numerosas e úteis notas dos capítulos do livro, uma vasta bibliografia selecionada e um índice remissivo.

Os autores

Harold Gregory Moore Jr. foi o comandante do 1°Batalhão na LZ X-Ray. Estivera em ação na Guerra da Coreia e, depois do Vietnã, prosseguiu sua carreira no Exército dos EUA, alcançando o posto de Tenente-General (3 estrelas). Moore retirou-se do exército em 1977 e faleceu em 2017, aos 94 anos de idade.

Joseph Lee Galloway foi um jornalista e autor norte-americano. Foi correspondente baseado no Japão, Vietnã, Indonésia, Índia, Cingapura e na União Soviética. Cobriu conflitos como o do Vietnã e a Guerra do Golfo. Galloway esteve presente, no solo, durante a batalha em Ia Drang, na LZ X-Ray, junto com os homens do 1°Batalhão, de Hall Moore. Em 1998, foi condecorado com a Bronze Star with V device, por sua corajosa atuação na batalha de Ia Drang, quando auxiliou os soldados americanos, expondo sua vida a risco, mesmo como não-combatente.

Joe Galloway

Filme “Fomos heróis

Lançado em 2002, baseado no livro de Moore e Galloway, com Mel Gibson interpretando o Tenente-Coronel Hall Moore e Barry Pepper como Joseph Galloway. Também atuaram astros como Madaleine Stowe, Sam Elliot e Greg Kinnear, Keri Russell, dentre outros.

We Were Soldiers Once…and Young

É um livro que vale por cada página. Reconstituição minuciosa e precisa de importante batalha e peça fundamental para o entendimento da Guerra do Vietnã, em suas múltiplas facetas.

Para os aficionados pela guerra no sudeste asiático, é uma obra imprescindível.

Vale a pena conferir:

We Were Soldiers Once…and Young

WE WERE SOLDIERS ONCE…AND YOUNG

Harold G. Moore Jr. e Joseph l. Galloway

Ballantine Books

New York – 1992

Disponível, no idioma original, na AMAZON (Link AQUI)

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